ME ABRACE PATIS

terça-feira, 5 de junho de 2012

O Cético e o Lúcido

O Cético e o lúcido


No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
- Você acredita na vida após o nascimento?
- Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
- Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
- Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
- Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.
- Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
- Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia prolongada na escuridão.
- Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
- Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
- Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
- Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não existe nenhuma.
- Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...
PENSE NISSO.....
                     O conto A Moça Tecelã

de Marina Colassanti é um conto de fadas moderno que narra o di-a-dia de uma moça que tece.Nada lhe falta, passa seus dias a tecer com cuidado e amor ao trabalho que executa.A moça usa seu tear para expressar seus sentimentos, através das cores das linhas a moça tece a vida e seus humores.É feliz em seu ofício e tece tudo que sua imaginação lhe permite.Os dias passam e nada lhe falta, porque tece tudo de que necessita,leite, peixe...Porém chega um tempo em que começa a se sentir sozinha e começa sentir necessidade de uma companhia, um marido a seu lado.Imediatamente pega os fios e começa a tecer o marido imaginário com que sonha.Com cuidado escolhe os fios mais bonitos e delicados e inicia a sua grande obra.O marido imaginado ganha chapéu, corpo e rosto bem desenhados e um belo par de sapados bem engraxados. Terminada a obra, a porta de sua casa se abre, e eis que que surge o marido esperado.Feliz a moça tecelã dorme no ombro do companheiro e sonha com os lindos filhos que teriam.Ela foi muito feliz por algum tempo, porém os propósitos de seu amado eram diferentes dos seus. Ao invés de filhos ele queria uma casa melhor, maior e mais bonita, e exigiu que a esposa logo começasse a tecê-la. Terminada a casa o marido quis um palácio com arremates de prata.A moça tecelã dedicou semanas e meses na construção do tal palácio, sem tempo sequer para ver a luz do dia. Pronto o palácio o marido exigiu que ele tivesse uma torre bem alta para abrigar a esposa em seu ofício de tecer. Encerrada na mais alta torre do palácio a moça tecia e entristecia.Seus pensamentos se voltaram para o passado, para a casa simples em que vivia e para todas as coisas boas que um dia teve.Chegando à noite a moça resolve destecer o marido e puxa o primeiro fio e antes que ele acorde já estava destecido completamente.A moça tecelã volta a sua vida simples e feliz de tecer com simplicidade e alegria seus sonhos de mulher.